Transtornos alimentares no século XXI 5944e

Artigo da técnica em enfermagem Yngrid Fenes 5y6q6h

28/06/2021 10h06 60v33



Os transtornos alimentares são quadros caracterizados por aspectos como medo mórbido de engordar, preocupação exagerada com o peso e a forma corporal, redução voluntária do consumo nutricional com progressiva perda de peso, ingestão maciça de alimentos seguida de vômitos e uso abusivo de laxantes e/ou diuréticos 1. Causando graves danos físicos e psicológicos em quem pratica tal ato contra si, muitos são os relatos ainda encontrados em clinicas e hospitais e sendo assim um problema de saúde pública muito atual. 5b4f3a

São patologias graves e de prognóstico reservado, que provocam elevados índices de letalidade e levam a limitações físicas, emocionais e sociais 2. Sabe-se que os transtornos alimentares afetam predominantemente a população jovem. Estima-se a incidência entre 0,5% e 1% para anorexia nervosa e 1% e 3% para bulimia nervosa em adolescentes do sexo feminino, números que são questionáveis, pelo fato de que apenas os casos mais graves chegam ao conhecimento médico. Além disso, distúrbios não especificados e síndromes parciais, isto é, formas de transtornos alimentares que não preenchem os critérios necessários para o diagnóstico de anorexia nervosa ou bulimia nervosa são bem mais frequentes, ocorrendo com 5% a 10% de jovens do sexo feminino 1.

Em relação à etiologia da anorexia nervosa e bulimia nervosa, são crescentes as evidências da interação de diversos fatores tanto na gênese, mas quanto na manutenção dos transtornos 3. Atualmente, a maioria dos pesquisadores trabalha com um modelo multidimensional, que reconhece fatores de risco de diversos níveis, como culturais, individuais e familiares 2.

ANOREXIA NERVOSA (AN)

Várias alterações do apetite e perturbações da imagem corporal podem ocorrer nas crianças em idade escolar, embora os quadros mais típicos de transtornos alimentares sejam mais raros. Apesar de cerca de 45% das crianças de ambos os sexos em idade escolar quererem ser mais magras e 37% tentarem perder peso, somente uma pequena proporção delas desenvolvem um transtorno alimentar 4.

Vale ressaltar, no entanto, que alguns traços presentes na idade escolar são considerados fatores de risco para o surgimento dos transtornos alimentares na adolescência, alertando o profissional de saúde que atende crianças para reconhecer e investigar estes traços ainda insipientes.

A AN ocorre predominantemente em mulheres jovens, com uma prevalência pontual de 0,28%6 e taxas de prevalência ao longo da vida oscilando entre 0,3% e 3,7%.6 Existem dois picos de incidência: aos 14 e aos 17 anos 4. Evidências sugerem que fatores psicossociais desempenham um importante papel na distribuição dos transtornos alimentares 5.

A influência da “cultura do corpo” e da pressão para a magreza que as mulheres sofrem nas sociedades ocidentais (especialmente as adolescentes) parece estar associada com o desencadeamento de comportamentos anoréticos. Determinadas profissões que exigem leveza para melhor desempenho (como ginastas, jockeis, patinadoras, bailarinas) ou esbeltez para “comercialização” da imagem (modelos, atrizes) se encontram em risco aumentado para o desenvolvimento do transtorno.6

BULIMIA NERVOSA (BN)

A BN é extremamente rara antes dos 12 anos.7 O transtorno é característico das mulheres jovens e adolescentes, com prevalência de 1,1% a 4,2% neste grupo.6 Fatores de ordem biopsicossocial se encontram relacionados com sua etiologia.19 O episódio de compulsão alimentar é o sintoma principal e costuma surgir no decorrer de uma dieta para emagrecer.

No início, pode se achar relacionado à fome, mas posteriormente, quando o ciclo compulsão alimentar-purgação já está instalado, ocorre em todo tipo de situação que gera sentimentos negativos (frustração,tristeza, ansiedade, tédio, solidão). Inclui um aspecto comportamental objetivo que seria comer uma quantidade de comida considerada exagerada se comparada ao que uma pessoa comeria em condições normais; e um componente subjetivo que é a sensação de total falta de controle sobre o seu próprio comportamento. Estes episódios ocorrem às escondidas na grande maioria das vezes e são acompanhados de sentimentos de intensa vergonha, culpa e desejos de autopunição. A quantidade de calorias ingerida por episódio pode variar enormemente, muito embora em média oscile entre 2 mil e 5 mil calorias. 8

O vômito auto-induzido ocorre em cerca de 90% dos casos, sendo portanto o principal método compensatório utilizado. O efeito imediato provocado pelo vômito é o alívio do desconforto físico secundário à hiperalimentação e principalmente a redução do medo de ganhar peso. A sua freqüência é variável, podendo ser de um até 10 ou mais episódios por dia, nos casos mais graves. No começo, a paciente necessita de manobras para induzir o vômito, como a introdução do dedo ou algum objeto na garganta. Algumas bulímicas mais graves, com vários episódios de vômitos por dia, podem apresentar até ulcerações no dorso da mão pelo uso da mesma para induzir a emese, o que se chama de sinal de Russell. Com a evolução do transtorno, a paciente aprende a vomitar sem necessitar mais de estimulação mecânica.

CONCLUSÃO

Os transtornos alimentares são patologias graves e de etiologia complexa. Entre os especialistas prevalece um entendimento multifatorial, em que os aspectos culturais têm significativa importância 2. Constata-se que o ideal de magreza vigente é um dos importantes fatores culturais que contribuem para o incremento destes transtornos na pós-modernidade.

O campo de investigação sobre a maneira pela qual o mundo globalizado, a sociedade e a mídia veiculam padrões estéticos e, por consequência, dietas e hábitos alimentares inadequados, é bastante vasto, novo e pouco explorado pelos profissionais da área 10.

Deve-se ser de fundamental importância a pesquisa sobre a influência da mídia no desenvolvimento dessas patologias, em vista do aumento da amplitude e gravidade de tais desordens. São muito preocupantes os dados sugeridos pelas pesquisas na área em relação ao alto grau de insatisfação corporal, aos índices de transtornos alimentares, à obesidade, a comportamentos alimentares de risco, ao uso de medicamentos anorexígenos e laxantes, entre outros, já em idade precoce.

Sendo assim enfatizar a ação preventiva que a mídia pode realizar diante de tal assunto. Embora os meios de comunicação, em sua grande maioria, estimulem o padrão esbelto de beleza, algumas empresas, redes de televisão e personalidades estão veiculando campanhas para alertar sobre os perigos dos transtornos alimentares e do exagero da valorização exacerbada da magreza.

 Por fim, acredita-se que a família, os profissionais da saúde e educadores devem estar atentos aos seus filhos, pacientes e alunos, estabelecendo continuamente um clima de diálogo, cuidado e informação no que se refere aos comportamentos de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares. Além disso, devem estimular e valorizar, nas crianças e adolescentes, outros valores nobres que vão de encontro a esse ideal doentio de beleza.

Artigo da técnica em enfermagem Yngrid Fenes 5y6q6h


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