A ossada humana encontrada no forro da casa do proprietário de uma funerária do município de Chapecó seria de dois irmãos, segundo informações divulgadas nesta semana pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). Os ossos foram localizados no final de novembro, durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão no maior município do Oeste catarinense, na Operação Cortejo. 6019k
O MPSC também informou que 10 pessoas — de seis das sete funerárias existentes em Chapecó — foram denunciadas pelo crime de extorsão. A denúncia foi apresentada pela 5ª Promotoria de Justiça da comarca de Chapecó. A investigação apura crimes de extorsão, organização criminosa e violações à ordem econômica no setor funerário da cidade. Segundo o órgão, há elementos indicativos da prática de cartel pelas empresas funerárias.
“O que se sabe, até o momento, é que as ossadas estavam no forro da casa há cerca de quatro anos e que os restos mortais seriam de dois irmãos”, destaca o Ministério Público.
Conforme as investigações, a funerária investigada teria sido contratada pela viúva de um dos mortos para reformar o túmulo e arrumar os restos mortais com a liberação de espaço para sepultamentos futuros.
“No entanto, depois de realizado os serviços do novo túmulo em 2020, as ossadas não foram devolvidas ao local”, completa o MPSC.
Para esclarecer pericialmente a identidade dos corpos, um exame de DNA será requerido à Justiça para comparação com o DNA de um irmão ainda vivo.
Dois denunciados já respondem ao processo presos preventivamente — um deles morador do imóvel onde os ossos humanos foram encontrados.
Formação de cartel
O promotor de Justiça Alessandro Rodrigo Argenta explica que a investigação teve início após um empresário do ramo funerário — que atua em uma cidade da região e estava instalando uma unidade em Chapecó — procurar o Ministério Público para relatar que estava sendo alvo de ameaças. O objetivo era tentar impedir ou dissuadir o empresário de abrir o novo estabelecimento na cidade.
As investigações apuraram a união de representantes de ao menos seis das sete funerárias instaladas em Chapecó para a prática de ações violentas ou com grave ameaça à pessoa, visando impedir a instalação de um novo estabelecimento do ramo no município, caracterizando formação de cartel.
"A decisão pelo oferecimento de uma primeira denúncia, notadamente pelo crime de extorsão, decorre da circunstância de haver duas pessoas presas durante a operação e, para não prorrogar indevidamente o tempo do cárcere, o Ministério Público ofereceu essa primeira acusação formal envolvendo as condutas praticadas com violência e/ou grave ameaça", explica o promotor.
Operação Cortejo
A Operação Cortejo foi realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) nos dias 27 e 28 de novembro. A ação cumpriu dois mandados de prisão preventiva e 14 de busca e apreensão, resultando em duas prisões em flagrante.
Durante as buscas, um empresário foi preso por porte ilegal de armas de uso e outro após a descoberta dos restos mortais humanos no forro da própria residência. A operação também revelou práticas abusivas de empresários para controlar o mercado funerário, incluindo extorsão com uso de armas e eliminação da concorrência.
“As ações visam garantir um mercado funerário ético, ível e transparente, assegurando serviços dignos às famílias enlutadas. A investigação segue em sigilo e novas informações serão divulgadas oportunamente”, conclui o Ministério Público.
Bets acumulam queixas como atraso em prêmios e publicidade enganosa
Brasil tem 14,4 milhões de pessoas com deficiência, aponta IBGE
MPSC investiga instalação irregular de cabos em postes de Chapecó