Ontem fiz uma enquete no meu Instagram, com a seguinte pergunta: “Você já foi chamada (o) de antipática (o), mas, na verdade, o que as pessoas não sabem é que você é envergonhada (o) mesmo? 2r6fm
Várias pessoas responderam que isso acontece sempre com elas. Algumas disseram que aram por isso poucas vezes e a minoria respondeu que nunca ou por isso porque está de boa com essa situação.
Por que eu fiz essa enquete? Para saber se as pessoas tinham ado por situações parecidas com essa, da qual eu também já ei muitas vezes. Já falei sobre isso, mas não custa repetir. Até os meus 14, 15 anos, eu me virava bem, tinha muitos amigos, circulava bem na escola, fazia balé e conhecia muitas pessoas nas apresentações que a gente ia para outras cidades.
Depois dessa fase, aos 16 anos, saí de Vargeão (minha cidade natal) para estudar, e vi que o mundo era muito maior do que eu imagina, ou com muito mais gente do que eu estava acostumada a ver em uma cidade com apenas 3 mil habitantes.
Além disso, pessoas diferentes, com estilos diferentes, com posturas diferentes. Eu já não conhecia todos da cidade, aquelas pessoas também não sabiam quem eu era, nem quem era a minha família. Eu era mais uma na multidão. E aí começou, junto com isso, a vergonha que acompanha todo adolescente.
Demorou muitos anos para isso tudo mudar. Depois que eu terminei o curso de Jornalismo e fui morar em Londres, até perdi um pouco a vergonha. Precisava aprender inglês para não ar fome e, quando voltei, precisava fazer as entrevistas porque trabalhei em rádio, depois em TV, depois fazendo assessoria de imprensa, onde conversava com personalidades políticas. Mesmo assim, no dia a dia, eu tinha dificuldade de falar com as pessoas, de acenar, dizer “oi”. E sim, muitas vezes ava por antipática. Mas era vergonha mesmo.
Sabe quando você pensa, “Eu não vou dar oi, vai que a pessoa não me reconheça? Que vergonha”. “Imagina, cheio de gente lá e eu ficar falando oi pra todo mundo, que vergonha”. “Vou entrar no restaurante, pegar minha comida e sair rapidinho, assim não preciso dar oi pra ninguém, que vergonha”. E assim seguiam as desculpas para não interagir com as pessoas.
Até que eu conheci a Etiqueta e todas as oportunidades que ela nos apresenta. O que ela me ensinou de mais importante foram as regras. Porque é através delas que eu sei como cumprimentar as pessoas e em que momento eu posso fazer isso sem atrapalhar. Por exemplo, se você chega a um restaurante e encontra uma pessoa conhecida, mas ela está almoçando, você apenas faz um aceno com as mãos, fala “oi tudo bem” se a pessoa estiver perto de você, mas nada de atrapalhar o momento da refeição. Depois, se a pessoa terminar a refeição e você também, aí sim, é a hora de parar para conversar um pouco, dar um abraço, saber como está seu amigo, sua amiga, enfim. Nestas situações, você irá cumprimentar a pessoa, mesmo que de forma breve, e não vai deixar essa impressão de antipatia.
Outra coisa que a Etiqueta me ensinou. Na dúvida, cumprimente. Se a pessoa não viu, aí tudo bem. E isso vale para todos. Para o vizinho no elevador, para o porteiro da escola, para o repositor do supermercado, para o Prefeito da cidade. Não importa. Dizer olá, é sempre educado. Não precisa falar, “bom dia Senhor, tudo bem, como vai? Está frio hoje né? Quanto tempo não lhe via”?, e ir prolongando a conversa rsrsrs. Um “olá, tudo bem">@cristiane_brindisi
@cristiane_brindisi - Jornalista, consultora e professora de etiqueta, com formação pela Escola Brasileira de Etiqueta de São Paulo.