Na França desde 2018, carioca pede para que os brasileiros levem o coronavírus com seriedade 22d5m

Somente nesta quinta-feira, dia 19, a França registrou 108 mortes pelo novo coronavírus elevando o total de vítimas da doença para 372 2504h

Por Melyna Branco 463n6u

20/03/2020 14h49 701r4o



Somente nesta quinta-feira, dia 19, de acordo com o jornal Valor Econômico, a França registrou 108 mortes pelo novo coronavírus elevando o total de vítimas da doença para 372. O crescimento é de 41% em 24 horas, o mais alto desde a chegada do vírus ao país. 1334k

O ministro da Saúde, Jérôme Salomon, informou em coletiva de imprensa, também durante esta quinta-feira, que há 10.995 pessoas diagnosticadas com a covid-19 na França, uma alta de 20% em comparação com o boletim divulgado na quarta-feira, dia 18. Segundo o ministro, há 1.122 pacientes em estado grave no país.

A carioca de 26 anos, Rebeca Dantas, conta com mais detalhes ao Oeste Mais a situação atual da França. Ela chegou ao país em agosto de 2018 para cursar mestrado em história, na Université Paris Nanterre. Moradora de Rueil Malmaison, uma cidade próxima à capital sa, até pouco tempo atrás, tinha uma vida normal e dividia o tempo entre a universidade e outras tarefas cotidianas. Mas, recentemente, tudo mudou por conta do novo coronavírus.

Paris vazia durante a quarentena (Foto: Reprodução/Theparisienne)

Medidas do governo francês

Sobre o posicionamento do governo, Rebeca comenta que a primeira vez que o presidente francês, Emmanuel Macron, falou com a nação em rede nacional foi na última quinta-feira, dia 12, e ou 27 minutos explicando sobre o que a população sa deveria fazer com relação ao novo vírus. De acordo com a carioca, neste primeiro dia, Macron pediu à população que evitasse saídas desnecessárias, principalmente as pessoas com mais de 70 anos. Também pediu que mesmo as pessoas saudáveis, fora dos grupos de riscos, saíssem somente se necessário.

Durante as primeiras ações governamentais, foi pedido também para que não tivesse aglomerações, pois na semana anterior esse pedido já havia sido feito, mas as pessoas não acataram a medida. O primeiro decreto vinha proibindo aglomerações com mais de mil pessoas, depois diminuíram para 500 pessoas, depois para 100 pessoas e por fim, proibiram qualquer tipo de aglomeração. No mesmo dia, Macron declarou que creches, escolas e universidades ficarão fechadas por tempo indeterminado.

A carioca de 26 anos também contou que, mesmo com todas essas medidas readas pelo presidente, os ses continuaram a viver sem nenhum tipo de restrição até no sábado, dia 14.  Por isso, no sábado à noite, o primeiro ministro, Édouard Philippe, declarou em rede nacional que bares, restaurantes, cinemas e boates deveriam permanecer fechados porque os ses não atenderam às primeiras ordens.  Já na segunda-feira, dia 16, Macron falou a população sa, novamente através dos canais de televisão, e por 21 minutos relatou as novas medidas com relação à pandemia. O presidente decretou que, a partir da terça-feira, dia 17, ao meio dia, as pessoas deveriam ficar confinadas, a princípio, por 15 dias.

Durante essas duas semanas as saídas só são autorizadas as pessoas que não conseguem fazer o trabalho de casa e que são trabalhos indispensáveis. Também podem sair para fazer compras de extrema necessidade, para procurar hospitais e para exercícios físicos, que só podem ser feitos ao ar livre, com uma distância de segurança e sem aglomerações. Ela comenta também que como a França dispõe de muitos parques e florestas será possível fazer atividades ao ar livre com tranquilidade. As visitas a casas de repouso e asilos também foram suspensas.

Rebeca comenta que desde o confinamento, as pessoas só podem sair com uma espécie de atestado. “Todas as pessoas que saírem de casa devem possuir um atestado e esse atestado é para cada saída, um atestado que você pode imprimir ou que você pode escrever a mão, falando qual é a razão da sua saída”, conta.

Ela acrescenta que a as pessoas que saírem sem autorização para encontrar com outras pessoas, pagarão uma multa de aproximadamente € 150 (euros).

A brasileira comentou ainda que todas as fronteiras da Europa estão fechadas por 30 dias. As únicas exceções de entrada e saída é se a pessoa estiver voltando para o país europeu de origem.

Outra medida governamental que ela destaca é que o governo disponibilizou milhões de euros para ajudar pequenas empresas. Elas estão tendo abono de contas de luz, água e gás para que não decretem falência quando a pandemia ar.

Ela lembra ainda que os alunos do último período de medicina e os médicos aposentados de até três anos atrás foram convocados para que ninguém fique sem atendimento.

Sobre a posição dos políticos ses, ela relembra que “o presidente reforçou diversas vezes que o país está em guerra, sem exército, mas contra um vírus invisível e que as pessoas precisam ter responsabilidade”.

Rebeca está na França desde 2018 (Foto: Arquivo pessoal)

Vida em quarentena

Depois que a carioca contou sobre as medidas do governo francês, ela falou sobre como está sendo viver com as novas restrições.

“Sobre a vida em quarentena, as pessoas estão ficando em casa. Alguns canais de televisão pagos foram liberados para incentivar que as pessoas fiquem em casa. As escolas e universidades estão fechadas, mas as atividades não pararam. Os professores estão mandando trabalhos para as crianças fazerem em casa. Nas universidades os professores estão dando aulas através de videoconferência, aulas gravadas e trabalhos a serem feitos [remotamente].”

Sobre a questão dos supermercados, Rebeca comenta que eles não estão vazios. As pessoas estão realmente comprando mais comida do que o costume. Mas, os líderes ses afirmam que o país não vai ter falta de comida e que a França sairá dessa. Porém, para que isso aconteça, os ses precisam entender que não é hora de beijos, abraços e reuniões.

Rebeca fala ainda que é bastante tranquilizante o fato da França possuir mais do que o dobro de leitos em comparação com a Itália. Mas, que mesmo assim as pessoas tem que respeitar as regras de confinamento. Temos que evitar ao máximo sair, mas, se for inevitável, devemos manter um metro de distância entre as pessoas e fazer todos os processos de higienização. Rebeca destaca que na França foi imposto um limite de preço para o álcool em gel, para que não haja preços abusivos.

Com o confinamento, a televisão é muito mais utilizada. Ela comenta que o tempo todo tem comercial sobre quais são os sintomas do coronavírus e a divulgação de um número específico para as pessoas se informarem sobre a covid-19 e o que fazer em caso de sintomas.

Para finalizar, Rebeca deixa um apelo


“[Brasileiros], olhem para o que está acontecendo ao redor do mundo e tomem os cuidados necessários. Estou vendo todos os dias, cada dia mais, que algumas pessoas estão achando que é brincadeira, que são férias no Brasil. Não é isso, o negócio é sério. Têm lugares que estão escolhendo quem vai viver e quem vai morrer porque não tem respirador. O Brasil não tem condição de atender a nossa população, do tamanho que a gente é, se tiver um surto muito grande".

Rebeca foi fazer mestrado na França (Foto: Arquivo pessoal)

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