Após ficar por quase dois anos respondendo o processo contra a morte do marido em liberdade, Claudia Fernanda Tavares, retornou ao Presídio Feminino de Chapecó neste sábado, dia 31. Conforme o advogado dela, Matheus Molin, ela se entregou espontaneamente após receber o mandado. "Que a justiça seja feita", declarou. 281639
Claudia estava respondendo pelo crime em liberdade desde agosto de 2023, no entanto, o Ministério Público interpôs um recurso contra a decisão que determinou a revogação da prisão preventiva dela. O recurso foi julgado na sexta-feira, dia 30, e determinou que ela ficasse presa preventivamente mais uma vez.
O crime contra Valdemir Hoeckler, de 52 anos, aconteceu em novembro de 2022, quando Claudia teria amarrado, sufocado o companheiro com uma sacola plástica e colocado o corpo dele dentro do freezer da casa onde moravam, no interior de Lacerdópolis, Oeste de Santa Catarina.
Segundo depoimento na época do caso, Claudia ou 20 anos em um relacionamento abusivo, sofrendo violência doméstica - tanto física como psicológica. Ela era, conforme depoimentos, até mesmo impedida por Valdemir de ver a própria filha que tinham juntos.
A comarca de Capinzal decidiu levar Claudia a júri popular, mas a data do julgamento ainda não foi definida. Em nota, o advogado de Claudia informou que irá entrar com um recurso para reverter a decisão. Confira o texto na íntegra:
Pronunciamento Oficial – Caso Claudia Fernanda Tavares
Joaçaba/SC, 31 de maio de 2025
A defesa de Claudia Fernanda Tavares vem a público manifestar sua perplexidade e indignação diante da decisão do Superior Tribunal de Justiça, que, após inúmeros recursos do Ministério Público, determinou, no dia 30 de maio de 2025, o restabelecimento de sua prisão preventiva. O que está em jogo neste momento transcende os limites de um processo penal: trata-se do direito de uma mulher reconstruir a própria vida depois de décadas de violência. Claudia esteve em liberdade por quase dois anos – de agosto de 2023 a maio de 2025 – cumprindo rigorosamente todas as medidas cautelares impostas pela Justiça, trabalhando em três turnos para garantir o sustento de sua família, comparecendo a todos os atos do processo e vivendo com dignidade ao lado da filha. Neste período, não cometeu qualquer infração penal, não violou nenhuma condição imposta pelo Judiciário, tampouco apresentou qualquer risco à sociedade.
Ainda assim, vê-se agora diante de uma decisão que ignora sua trajetória recente e a realidade concreta de sua vida. É necessário dizer com todas as letras: Claudia foi vítima de violências domésticas – física, psicológica, sexual, moral e patrimonial – ao longo de mais de vinte anos de convivência com a vítima. Sua história é a de milhares de mulheres brasileiras que, mesmo após romper ciclos de agressão, continuam sendo punidas por sobreviver. A defesa já está tomando todas as providências jurídicas cabíveis para reverter essa decisão, confiando que o Judiciário, através de uma decisão colegiada, será sensível ao novo contexto e à realidade de uma mulher que, mesmo marcada pela dor, não se rendeu ao desespero. Claudia merece seguir em liberdade – não como um favor, mas como expressão de justiça.
A sociedade brasileira não pode aceitar que a prisão preventiva se transforme em punição antecipada, especialmente contra mulheres que, como Claudia, lutam todos os dias para reerguer suas vidas. Os advogados permanecem à disposição da imprensa e das entidades de direitos humanos para esclarecimentos adicionais.
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