O autor da chacina cometida em uma creche no município de Saudades, no Oeste de Santa Catarina, foi condenado a 329 anos e 4 meses de prisão em sentença proferida por volta das 20h30 desta quinta-feira, dia 10, após júri popular no Fórum da comarca de Pinhalzinho. A sessão durou dois dias e foi presidida pelo juiz Caio Lemgruber Taborda. 691j49
Ele foi julgado por 5 homicídios consumados e triplamente qualificados (motivo torpe, meio cruel e emprego de recurso que dificultou a defesa das vítimas), além de outras 14 tentativas de homicídio. O autor também terá que indenizar as famílias das vítimas. A pena foi atribuída após 145 questões respondidas pelos jurados.
Conforme a sentença, cada família das cinco vítimas mortas receberá R$ 500 mil; R$ 400 mil terão que ser pagos à família do bebê ferido que sobreviveu e R$ 40 mil para cada uma das 14 vítimas de tentativa de homicídio. O autor do crime não esboçou nenhum tipo de reação durante a leitura da sentença.
O jovem, na época com 18 anos, entrou na Escola Infantil Pró-Infância Aquarela na manhã do dia 4 de maio de 2021. Com uma adaga (espécie de espada), ele golpeou fatalmente duas professoras e três bebês. Outra criança, também com menos de dois anos, foi socorrida a tempo de se recuperar.
Vítimas assassinadas
▪ Ana Bella Fernandes de Barros, de 1 ano e 8 meses
▪ Sarah Luiza Mahle Sehn, de 1 ano e 7 meses
▪ Murilo Massing, de 1 ano e 9 meses
▪ Keli Adriane Aniecevski, de 30 anos, professora há cerca de 10 anos na creche
▪ Mirla Renner, de 20 anos, agente educacional
O autor tentou tirar a própria vida após os assassinatos. Ele chegou a ficar internado por uma semana no Hospital Regional do Oeste (HRO), em Chapecó, de onde saiu e foi direto para o presídio.
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O júri
O julgamento começou na manhã de quarta-feira, dia 9. No primeiro dia foram ouvidas três vítimas. Depois teve início a oitiva de testemunhas de acusação, duas presencialmente e uma on-line. A defesa ouviu duas testemunhas de maneira remota e outra presencial. Foram dispensadas três vítimas, cinco testemunhas de acusação e uma de defesa.
Encerrada por volta das 21 horas de quarta-feira, a sessão foi retomada na manhã desta quinta-feira, dia 10, com a promotoria falando por uma hora e meia, mesmo tempo concedido à fala da defesa do réu. O Ministério Público voltou para mais uma hora de réplica e a defesa teve o mesmo tempo para fazer a tréplica.
“Saudades eternas"
Na acusação, o promotor Bruno Poerschke Vieira expôs aos jurados as provas coletadas ao longo do processo e apresentou laudos oficiais que atestam a sanidade mental do réu. "Esse homem sabia exatamente o que estava fazendo. Ele planejou minuciosamente o ataque à creche e isso ficou comprovado durante as investigações", disse.
O réu não quis assistir à manifestação do Ministério Público e se retirou da sessão durante a explanação do promotor, por requerimento próprio e de seu advogado. Ele só voltou ao tribunal no momento da defesa. O advogado Demetryus Eugenio Grapiglia manteve o argumento de que o jovem foi manipulado por amigos da internet e tem doenças psiquiátricas.
De acordo com o processo, nos meses que antecederam o crime, o réu fez várias pesquisas na internet. Os documentos incluem 98 páginas sobre as buscas feitas pelo autor, incluindo fabricação de bombas, acusados de ataques em escolas, compra de arma de fogo e assuntos que demonstravam ódio por crianças e mulheres.
“Quando a esposa perde o marido, ela se torna viúva. Quando alguém perde o pai ou a mãe, se torna órfão. Mas quando se perde um filho, ficam apenas saudades [...]. Saudades do cheiro, do abraço, do sorriso. Saudades das noites sem dormir, dos choros, dos momentos de alegria e de tristeza... Saudades eternas", finalizou o promotor, fazendo referência ao município onde aconteceu o crime.
Após o encerramento da sessão, o réu retornou para o Presídio Regional de Chapecó, onde já estava preso e cumprirá a pena.
Jurados, acusação e defesa
O conselho de sentença foi definido por sorteio e composto por seis mulheres e um homem. Atuaram na acusação os promotores Bruno Poerschke Vieira, Douglas Dellazari, Fabrício Nunes e Julio André Locatelli, com assistência do advogado Luiz Geraldo Gomes dos Santos. Na defesa esteve o advogado Demetryus Eugenio Grapiglia.
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