Após uma Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), a Justiça determinou a interdição de um asilo em São Lourenço do Oeste. A responsável pela entidade foi afastada do cargo na tarde desta terça-feira, dia 16. Os idosos devem ser encaminhados pelo município para as respectivas famílias. Caso não haja um familiar, o paciente deve ser acolhido por outra instituição adequada. 4b4257
A decisão ainda prevê que a instituição disponibilize ao município, prontuários, receitas médicas, remédios e demais documentos dos pacientes, além de devolver objetos de uso pessoal, valores e cartões bancários de cada um.
Na ação, o MPSC explica que a atual situação da entidade é grave. Além da insuficiência de funcionários, há diversos problemas relacionados a alimentação, higiene, assistência à saúde, além de indícios de maus-tratos aos idosos, que tornam inviável a continuidade do funcionamento da instituição.
Conforme o MPSC, um vídeo mostrando as condições do local chegou ao conhecimento da 1ª Promotoria de Justiça.
“Um idoso caído ao chão, outro idoso acamado com seu andador jogado ao lado do leito e um terceiro idoso de fraldas, muito magro, todo sujo e com as necessidades fisiológicas feitas na cama. Há também um outro vídeo que exibe um idoso com uma profunda ferida nas costas, indicativo de que permanecia por longos períodos deitado, sem o atendimento adequado", destaca a Promotoria no processo.
O MPSC ainda apura a possível negligência na morte de um idoso. "Além de ausência de cuidador no período noturno [a morte ocorreu de madrugada], há fundada suspeita de que a medicação do idoso não tenha sido corretamente ministrada, pois as seringas estavam intactas, ainda guardadas em uma nécessaire, junto de outros medicamentos". Já houve requisição à Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI) visando à instauração de inquérito policial.
Entenda o caso
A 1ª Promotoria de Justiça da Comarca de São Lourenço do Oeste, instaurou, ainda em 2017, um inquérito com objetivo de apurar o trabalho desenvolvido pela instituição. Durante o procedimento, foi constatado que o asilo apresentava uma série de problemas. Em 2018, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) foi firmado com a entidade, visando realizar a adequação dos requisitos. Porém, mesmo depois da formalização do TAC, a instituição permaneceu exercendo suas atividades de maneira irregular.
Mudança de endereço
Em 2020, o asilo mudou de endereço, mas as irregularidades permaneceram. No novo espaço foram encontradas inúmeras deficiências na estrutura física e nas práticas envolvendo o cuidado com a saúde e a alimentação dos residentes.
Já em junho de 2021, devido a superlotação da ala masculina, foi emitida uma determinação para que ocorresse a interdição parcial da instituição. O que também não foi cumprido pela entidade, segundo o MPSC.
Realidade atual
Em julho deste ano, a Promotoria de Justiça, a Vigilância Sanitária Municipal, o Conselho Municipal de Direitos da Pessoa Idosa e demais órgãos de fiscalização realizaram nova vistoria para verificar as atuais condições do local.
A visita verificou que as irregularidades persistiam e, a fim de resguardar os direitos dos idosos, a instituição foi interditada. Ainda segundo o MPSC, mesmo com a gravidade dos fatos retratados, a proprietária também mostrou desinteresse em atender aos requisitos mínimos de funcionamento.
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