Quando Ildo José Destri deixou a cidade gaúcha de Bento Gonçalves para tentar a vida em Ponte Serrada ele não imaginava que a mudança fazia parte de um destino já traçado. Na época, o comércio montado por ele no município que começava a nascer vendia de tudo. Era uma espécie de armazém, com roupas, alimentos e materiais variados. Os tempos realmente eram outros. yx

Mas a saída da cidade natal para estabelecer residência em terras catarinenses foi apenas o início de uma história que Ildo guarda fresquinha na memória. Em Ponte Serrada ele conheceu a jovem Therezinha Bortolazzi. “Era a guria mais bonita da cidade”, recorda ao lembrar da menina que se tornaria esposa e fiel companheira pelas décadas seguintes.

Os dois moravam vizinhos de porta, com uma casa de frente para a outra, na Avenida 15 de Novembro, Centro de Ponte Serrada. Ainda apenas conhecidos, o futuro casal estudou junto, mas foi só depois de um tempo que o interesse de um pelo outro começou a surgir. E a conquista deu trabalho a seu Ildo, que tomou a iniciativa. “Ela não estava muito a fim. Não foi muito fácil, não”, revela.

Mas foi quando recuou que ele acabou colhendo os frutos das investidas. Ao sentir o distanciamento do pretendente, dona Therezinha cedeu e buscou aproximar-se do vizinho. Era o que faltava para que os dois anos seguintes fossem de namoro, ensaio para selar a união do casal no dia 30 de maio de 1953.

Celebrado pelo padre Adriano Teminnk, o casamento foi uma festa, reunindo amigos e familiares no salão paroquial. Era o início de uma vida a dois e uma rotina que se resumia ao trabalho, com seu Ildo cuidando do comércio próprio e dona Therezinha atuando na agência dos Correios. “O lazer era sair em algum baile, às vezes. Não tinha muito o que fazer”, lembram.

Dois anos depois da união, a primeira e única filha. Isabel Cristina Destri, hoje com 58 anos, deu novo brilho ao casal. Os dois até tentaram mais filhos, mas uma complicação na primeira gravidez afetou as trompas de dona Therezinha, impedindo novas gestações. Mas da única filha a herança já chega a três netos e dois bisnetos.

Nesta semana, aliás, seu Ildo e dona Therezinha eiam em Curitiba, onde mora Isabel. A comemoração dos 60 anos de casamento promete boas lembranças e muita festa para esta quinta-feira, dia 30. Receita para tanto tempo junto? “Paciência e tolerância um com o outro”, confirmam os dois.

Quando retornarem do eio, em Ponte Serrada, aos 81 anos, seu Ildo continuará divertindo-se no jogo de menos copa, um carteado de baralho praticado diariamente por ele e amigos. Aos 79, dona Therezinha também cultiva um hobby. Ela adora pintar quadros, e vários já decoram a sala do apartamento onde hoje vive com o esposo.

Se em 60 anos a união dos dois permanece intacta e com demonstrações de carinho e afeto, fica a certeza de que a vida construída por eles até aqui valeu a pena, e ainda deverá preencher muitas páginas de um livro que há seis décadas vem retratando duas vidas, mas uma única história.