A febre dos bebês reborn, bonecos hiper-realistas que imitam com perfeição recém-nascidos, chama cada vez mais a atenção da população, mas acende o alerta de profissionais da área da saúde mental. 6324n
Feitas à mão com detalhes minuciosos, como veias, textura de pele e peso semelhante ao de um bebê real, essas bonecas têm conquistado um público variado, desde colecionadores até pessoas que buscam conforto emocional.
Vídeos de "mães de reborn" mostrando rotinas de cuidados, como trocar fraldas e simular partos, viralizaram e geraram debates sobre os limites entre afeto e exagero. Especialistas apontam que, embora possam ser terapêuticos em casos de luto ou estresse, é importante atenção para que o vínculo com a boneca não substitua relações reais ou se torne uma fuga da realidade.
Para Elainne Ourives, psicanalista, doutora em psicanálise, neurocientista e pesquisadora nas áreas da Física Quântica e da Neurociência, o fenômeno vai muito além da estética ou do efeito terapêutico.
“O boneco é uma representação simbólica das perdas não elaboradas, das ausências e do sofrimento emocional reprimido. O bebê reborn não é o que se segura, e sim o que se perdeu. Trata-se de algo que ainda dói e que o inconsciente tenta proteger”, afirma.
A especialista, que desenvolveu métodos patenteados de reprogramação mental, lembra que os bonecos são, na superfície, apenas objetos detalhados em silicone. Mas, em níveis mais profundos da psique, carregam simbolicamente a ausência de um filho, o silêncio de uma maternidade não vivida, a saudade ou a necessidade de acolhimento da própria criança interior.
“Conteúdos reprimidos, como abandono, rejeição e carência, retornam como símbolos. Por isso, o bebê é uma tentativa simbólica de ressignificar o que nunca foi vivido: a criança que não nasceu ou o colo que não foi dado”, explica.
O cérebro não distingue a realidade
A neurociência reforça a tese de Elainne Ourives. “O cérebro não sabe o que é real, ele apenas sente”, ressalta. Ao segurar o bebê reborn, o sistema límbico, responsável pelas emoções, reage como se fosse um bebê de verdade. Contudo, o que se ativa não é amor genuíno, mas o sistema de dor.
“A pessoa não está satisfeita, está distraída, criando uma ilusão de presença para mascarar a ausência. Isso mantém o campo vibracional preso em um looping emocional doloroso”, lamenta.
Ourives alerta que a tentativa de substituir o afeto perdido por um objeto não resolve a raiz do problema. “Enquanto você continuar segurando o que representa sua dor, sua criança interior continuará sozinha no escuro. Você não precisa de um bebê de silicone, mas de segurar a si mesma com o amor que sempre esperou receber”, orienta.
Ela lista quatro os para essa jornada de cura: reprogramar o circuito emocional, curar a criança interior, elevar a frequência vibracional e cocriar uma nova identidade baseada na consciência, e não na dor. “O verdadeiro processo de maternidade começa quando você aprende a ser mãe de si mesma. O único bebê que precisa ser segurado agora é sua nova versão: inteira, reprogramada e inabalável”, conclui Ourives.
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