Bagaço da maçã na pecuária de corte é alternativa sustentável e econômica w5c2j

Pesquisadoras da Epagri Lages avaliam a viabilidade do resíduo como complemento alimentar para o gado. 5m6029

Por Redação Oeste Mais 1r2m4v

22/02/2025 12h21 716ez



O bagaço da maçã, subproduto da indústria de sucos e processamento da fruta, pode se tornar um aliado na pecuária de corte. Além de reduzir o impacto ambiental do descarte desse resíduo, ele se apresenta como uma alternativa nutricionalmente viável para o gado, contribuindo para a economia dos produtores. A viabilidade desse uso está sendo estudada na Estação Experimental da Epagri em Lages, na Serra catarinense. 6f5i2c

As pesquisas são conduzidas pelas zootecnistas Vanessa Ruiz Fávaro e Ângela Fonseca Rech, que se baseiam em bons resultados obtidos com outros resíduos agroindustriais, como os de laranja, uva, abacaxi e cerveja. A escolha da maçã se deve à grande oferta da fruta na região de São Joaquim, que deve colher cerca de 290 mil toneladas nesta safra.

Com experimentos realizados tanto em campo quanto em laboratório, as pesquisadoras analisam o bagaço da maçã como alternativa alimentar para o gado, podendo substituir ou complementar alimentos nobres como milho e soja. O objetivo não é utilizá-lo como única fonte alimentar, mas integrá-lo a uma dieta balanceada.

"O bagaço da maçã é pobre em proteína, mas rico em energia. Também tem carboidrato solúvel e de fácil digestão, o que libera os nutrientes mais rapidamente quando o animal ingere. Por isso, é importante balancear a alimentação", explicam as pesquisadoras.

O foco dos estudos não é o gado em confinamento, mas em pastejo, onde há oscilação no crescimento do pasto ao longo do ano. No outono que se aproxima, acontece a carência de pastagem. Assim, o bagaço da maçã entra como suplementação estratégica, pois exige planejamento. 

Pesquisadoras inseriram a maçã na lista dos experimentos, aproveitando a enorme oferta da fruta na Serra (Fotos: Pablo Gomes/Epagri)

O produtor pode conservar o resíduo na forma de silagem, por no mínimo 40 dias, antes de disponibilizá-lo ao animal. Ou seja, exatamente agora, nesta época do ano, quando a colheita da maçã está em fase inicial, pode-se armazenar o bagaço para utilizá-lo no outono. O período da safra é o ideal para isso. O armazenamento na forma de silagem preserva o resíduo, evitando a exposição ao ar livre, fermentações indesejáveis e a produção de toxinas que podem resultar até na morte de animais.

As pesquisas na Epagri Lages já apontam que o bagaço da maçã permanece em boas condições até um ano depois, desde que devidamente conservado em silo sem oxigênio para evitar a fermentação indesejada. E a expectativa é que os estudos evoluam no sentido de indicar que este prazo pode ser de até dois anos com o silo fechado.

Conhecer o resíduo antes de alimentar o gado

Embora seja uma boa alternativa de alimentação para o gado, as pesquisadoras Vanessa Fávaro e Ângela Rech orientam os produtores a conhecerem o bagaço da maçã que irão utilizar. Elas alertam que resíduos agroindustriais não têm padrão de qualidade, e a composição pode variar em função do processamento pela indústria, o que exige uma análise bromatológica do material.

O material experimentado por Vanessa no campo é analisado por Ângela no Laboratório de Nutrição Animal, onde são avaliados teores de proteína, matéria seca, matéria orgânica, fibras, gordura e estimativa de digestibilidade. 

Os produtores podem ter o a este tipo de análise em laboratórios particulares ou até mesmo na própria Estação Experimental de Lages, a única da Epagri que realiza este serviço em Santa Catarina.  

Bagaço é uma alternativa nutricionalmente viável para o gado (Foto: Pablo Gomes/Epagri)

Boa alternativa ambiental e econômica

Embora seja necessário avaliar a viabilidade do transporte, considerando que o bagaço da maçã é um material bastante úmido, composto por cerca de 80% de água, a sua utilização para alimentação animal pode ser uma boa oportunidade para a indústria, que tem a obrigação de dar o destino final correto por se tratar de um material poluente quando descartado de maneira incorreta.

Desta forma, a indústria pode comercializar o resíduo para o produtor, cumprindo uma exigência da legislação ambiental e faturando com algo que seria descartado. Já o produtor, por sua vez, pode adquirir um alimento de qualidade a um custo menor que outros mais nobres.

Estudos avançam e irão orientar o produtor

Os estudos das zootecnistas da Epagri Lages contam com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) e fornecimento do bagaço de maçã pela empresa TC Agronegócios. 

O objetivo de Vanessa e Ângela é publicar, em 2026, um boletim didático com informações técnicas sobre o o a o da utilização do bagaço da maçã, de maneira que o produtor saiba como proceder em relação à silagem e para quais categorias de animal oferecer o resíduo da fruta que leva o nome da Serra Catarinense até os mercados consumidores mais exigentes do mundo.


COMENTÁRIOS 6ah4y

Os comentários neste espaço são de inteira responsabilidade dos leitores e não representam a linha editorial do Oeste Mais. Opiniões impróprias ou ilegais poderão ser excluídas sem aviso prévio.