A mulher ou a ser mais independente dos últimos anos para cá. Cada uma vem escolhendo um caminho e uma profissão diferente para trilhar e conquistar tudo sozinha, sem depender de ninguém. 2r2q1r
Hoje em dia, vemos mulheres em profissões que nem imaginamos, seja nas mais delicadas vagas, quanto nas mais pesadas. Todas estão mostrando o quanto são fortes e que lutam pelos seus direitos não só como mãe, mas também como profissional.
Mariaelena Marini Ribeiro é um exemplo de superação. Ela é a única mulher envolvida diretamente na polícia no município de Vargeão. Eleita vereadora nas eleições do ano ado, vem representando as mulheres do município em todas as reuniões e encontros, mesmo às vezes tendo que deixar os filhos em casa, com o pai ou alguém da família.
Mariaelena não é só vereadora, mas também é formada e trabalha como assistente social em Vargeão. Formada em 2005, iniciou os trabalhos em uma ONG de casa de apoio a pessoas com câncer, como assistente social. Ela também trabalhou com adolescentes no grupo Cesmar, uma instituição Marista, em Caçador, além do projeto Vida Feliz, desenvolvido em escolas públicas.
No decorrer dos anos, ainda conseguiu concluir duas pós-graduações e se instalou em Vargeão através de um processo seletivo. Hoje trabalha em prol da comunidade já há 13 anos.
Jornada como mãe e as dificuldades enfrentadas
Pouco antes de começar a morar em Vargeão, Mariaelena conheceu Douglas Danielli, com quem é casada e tem dois filhos. Depois do matrimônio, descobriu que estava grávida, em 2013. “Uma gravidez não planejada”, como ela diz. Mas foi uma gestação tranquila, sem complicações.
“Pedro Davi nasceu de cesárea, pois estava com cordão umbilical enrolado no pescoço, não possibilitando o parto normal”, conta.
Mesmo com esse problema durante o nascimento, o pequeno cresceu saudável, relata a mãe. Mas quando alcançou os dois anos de idade, ela percebeu que algo estava errado.
“Ele caía com muita facilidade. Muitas vezes questionei a pediatra, mas sempre dizia ser normal. Dizia que com o ar dos anos ele iria superar estas pequenas dificuldades que eu em todas as consultas relatava. Então confiei!”.
Como Mariaelena trabalha com crianças, adultos, idosos e pessoas com alguma necessidade especial, sempre buscou ler bastante sobre o assunto para atender melhor quem a procurava.
Há pouco mais de um ano, quando o filho completou seis anos de idade, buscou estimulá-lo a realizar atividades físicas, como andar de bicicleta e outros atempos.
“Aí foi minha surpresa. Ele não tinha força para pedalar. Ao realizar atividades escolares, o Pedro Davi não tinha força para escrever muito tempo. Ele adora pintar com tinta guache e lápis de cor, mas também percebi que se cansava muito rápido em relação às outras crianças”, detalha a mãe.
Nesse período, Mariaelena acabou engravidando outra vez. Seu segundo filho estava a caminho e seria outro menino.
“Outra gravidez não planejada, pois um ano antes, descobri que sou portadora de trombofilia, o que acaba sendo muito perigoso para mãe e bebê em uma gravidez”, relembra.
Com uma gravidez cheia de cuidados, ela precisou fazer o uso de medicações injetáveis na região da barriga, todos os dias, para conseguir segurar o filho que logo estaria em seus braços.
Foram procedimentos difíceis, relembra, cerca de 400 injeções da chamada Clexane, que diminui o risco de desenvolvimento de trombose venosa profunda e a embolia pulmonar.
Apesar das dificuldades, a mãe conseguiu levar a gravidez até a 35ª semana de gestação, quando teve descolamento de placenta e realizou um parto prematuro. Arthur Gabriel veio ao mundo em 2019.
“Meu bebê ou por três lavagens estomacais para conseguir sobrevive, e foi aí que um anjo apareceu na minha vida [a pediatra]. Ela salvou meu Arthur e ainda me ajudou a obter o diagnóstico do meu Pedro Davi, pois todas as consultas que realizava do meu bebê, eu questionava ela com as minhas preocupações com as dificuldades que Pedro Davi apresentava”.
Após encaminhar fotos do filho mais velho à médica, Mariaelena foi comunicada de que talvez Pedro pudesse ter uma distrofia. Preocupada, a mãe ou a buscar mais sobre o problema na internet e, após exames, descobriu que o filho era portador da Distrofia Muscular de Duchenne, uma doença rara e que não tem cura.
O menino ou a ser acompanhado por diversos profissionais, realizando fisioterapias, ecoterapias, e outros procedimentos, além de fazer uso de medicamentos diários para desacelerar a doença.
“Procuro viver um dia de cada vez para não perder o chão. Meus filhos precisam de mim e por eles vou até o impossível”.
Carreira na política
Durante todo o processo de readaptação por conta do problema de saúde do filho mais velho, Mariaelena ou a buscar outros caminhos para ocupar a mente e esquecer um pouco das coisas ruins que estavam acontecendo. Nesse período, foi convidada a se candidatar como vereadora pelo Partido Social Democrático (PSD).
“No primeiro momento não aceitei, mas fiquei de pensar na possibilidade, pois nos dias atuais são poucas as mulheres que enfrentam este desafio. Meu marido foi o primeiro a me estimular a aceitar, porque vem de berço, a política está no sangue”, relata Mariaelena. O marido de Mariaelena é sobrinho de Anelsi Danielli (em memória), prefeito por vários mandatos em Vargeão.
O pai de Mariaelena também esteve envolvido na política no ado. Favorino da Silva Ribeiro foi candidato por dois mandatos como vereador, na Linha Gramas, no interior do município.
“Tenho muito orgulho de todo trabalho que meu pai fez”.
Eleita com 149 votos, Mariaelena foi a única mulher a se tornar vereadora no mandato 2021/2024.
“Entrei com objetivo de trazer a política para perto das necessidades que o povo tem, buscando trabalhar sem perder a sensibilidade de ser humano, da empatia pelo outro. Nossa sociedade está precisando de líderes no Executivo e Legislativo, que não sejam apenas razão, precisamos do equilíbrio. Razão sem perder empatia pelo outro”.
Mensagem de incentivo
“Devemos ser mulheres atuantes, que ajudam a levantar outras mulheres através do que temos de melhor. Somos mulheres, somos mães, donas de casa, somos trabalhadoras, cada uma na sua área e muitas são empreendedoras, agricultoras e fizemos parte de um mercado de trabalho com várias profissões e é assim que temos que ser. Acima de tudo, somos mulheres de fibra, que jamais desistimos de nossos objetivos. Mediante a qualquer dificuldade, a gente nunca pode esquecer que a mulher não é a parte fundamental de uma casa, mas é o pilar que sustenta uma casa no sentido do cuidado, do amor e do buscar alternativas para viver nesse mundo cheio de dificuldades que hoje nós nos deparamos. E por fim, gostaria de parabenizar todas as mulheres pelo Dia Internacional da Mulher, que será comemorado neste dia 8 de março", finaliza Mariaelena Marini.
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