Na sociedade atual, é cada vez mais comum encontrar adultos com mais de 30, 40 anos que continuam morando com os pais. Muitas vezes, sem independência financeira ou emocional, esses filhos permanecem em casa muito além do esperado — não por escolha consciente, mas por uma dinâmica silenciosa que prende todos os envolvidos. 6d522x
Uma pesquisa da Kantar Ibope Media revelou que, entre 2012 e 2022, houve um aumento de 137% no número de jovens de 25 a 34 anos que não saíram de casa. Paralelamente, a busca por educação superior nessa faixa etária cresceu 69% .
Especialistas apontam diversos fatores que contribuem para essa tendência. Questões econômicas, como dificuldades financeiras e instabilidade no mercado de trabalho, levam muitos jovens a optar por permanecer no lar dos pais para economizar e investir em sua formação acadêmica. Além disso, aspectos culturais e emocionais também desempenham um papel importante, com famílias valorizando a proximidade e o e mútuo.
Do ponto de vista da terapia sistêmica, essa situação pode revelar muito mais do que uma questão econômica ou de comodidade. Pode indicar emaranhamentos invisíveis, onde os papéis dentro da família se confundem. Pais que não conseguem soltar seus filhos, e filhos que não conseguem caminhar por conta própria, podem estar presos a lealdades inconscientes, tentando compensar dores ou ausências de gerações anteriores.
Esses adultos, muitas vezes, sentem culpa por sair, medo de deixar os pais sozinhos, ou até mesmo um sentimento de “dívida eterna”. Já os pais, por trás da preocupação e do cuidado, podem estar repetindo padrões de superproteção, ou se alimentando de um senso de propósito baseado em manter os filhos por perto.
É importante lembrar que amor verdadeiro também se expressa através do "soltar". Permitir que os filhos trilhem seus próprios caminhos, enfrentem os desafios da vida adulta, faz parte do fluxo natural da vida. Quando isso não acontece, tanto pais quanto filhos ficam estagnados, e o sistema familiar perde vitalidade.
A boa notícia é que é possível transformar essa realidade. Com consciência, escuta e, se necessário, apoio terapêutico, é possível restaurar a ordem familiar. Cada um em seu lugar: os pais como aqueles que deram a vida e abriram caminhos, e os filhos como aqueles que recebem e seguem adiante.
A liberdade começa quando conseguimos olhar com amor, mas também com verdade, para o que estamos repetindo — e escolher algo novo.
Embora essa convivência possa ser benéfica em muitos aspectos, é fundamental que haja um equilíbrio saudável nas relações familiares. O diálogo aberto sobre expectativas, responsabilidades e planos futuros é essencial para evitar conflitos e promover a independência gradual dos filhos adultos. Afinal, o objetivo é que todos os membros da família se sintam realizados e preparados para os desafios que a vida adulta apresenta. Mas se você enfrenta essa dificuldade, procure terapia!
Terapeuta integrativa. Constelação Familiar e Reiki. Psicoterapeuta. Graduada em Psicologia desde 2008. Insta: @gabybernardi.
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